segunda-feira, 2 de novembro de 2015

MEMÓRIAS DE UM FUNERAL


MEMÓRIAS DE UM FUNERAL
                                          (Pierre da Gama)

Não importa se foi da realeza ou plebeu,
agora imóvel dentro de um caixão.
Não existem mais dores
nem dissabores,
as amarguras suprimidas
e as lutas encerradas.
Ao seu redor choros pela perda
dos que riram de suas quedas.
Em sua face fria toque de mãos
acariciando...
As mesmas que um dia
o apunhalaram pelas costas.
Muitas flores recebidas,
substituindo as pedras atiradas,
os espinhos oferecidos,
quando só ódios floresciam.
Todos os pecados perdoados.
Em sua volta só elogios,
bocas que condenavam
exaltavam qualidades.
Até mesmo consorte
e amante
chorando
lado a lado.
Na última caminhada
mãos disputavam as alças,
outrora escondidas
quando prestes a cair
eram solicitadas.